Um policial militar é suspeito de conivência no caso do estupro de duas adolescentes
na cidade de Ruy Barbosa, distante cerca de 300 km de Salvador. O PM e
nove integrantes da banda de pagode New Hit foram presos após denúncia
das jovens, que foram ver uma apresentação do grupo em uma micareta da
localidade na madrugada de domingo (25).
(Ao ser publicada, esta reportagem errou ao informar que o PM
estava entre os suspeitos do estupro. Ele é suspeito de conivência pois,
segundo a Polícia Militar, o soldado teria presenciado o ocorrido e não
fez nada para impedir o crime. A informação foi corrigida às 16h16).
Em nota enviada nesta segunda-feira (27), a Polícia Militar informa que
o policial envolvido no caso é um soldado que trabalha na 47ª CIPM, no
bairro de Pau da Lima, em Salvador. A PM informou que o policial foi
transferido da delegacia de Ruy Barbosa e está custodiado na
Coordenadoria de Custódia Provisória (CCP) da corporação, localizada no
Batalhão de Choque em Lauro de Freitas, região metropolitana de
Salvador.
"A preocupação maior é com relação ao crime. Posteriormente será
analisado o âmbito administrativo", afirmou capitão Pita, assessor de
comunicação da PM. Segundo ele, a polícia está investigando se o soldado
preso atuava como segurança da banda de pagode. O regulamento da PM não
permite este tipo de vínculo empregatício.
"Entravam de dois em dois"
No departamento de Polícia Técnica de Feira de Santana, cidade
localizada a cerca de 110 km de Salvador, uma das meninas que diz ter
sido estuprada por dez integrantes da banda de pagode New Hit contou como tudo aconteceu.
As vítimas passaram por exame de corpo de delito na Polícia Técnica de
Feira de Santana. Elas estavam acompanhadas de um representante do
Conselho Tutelar.
"A gente pediu para o produtor da banda para irmos para o trio para
tirarmos foto com eles. Quando a gente chegou em cima do trio, eles
falaram que não dava para tirar foto lá, porque era muita gente, que era
para irmos para dentro do ônibus. Quando a gente chegou dentro do
ônibus, eles falaram que era para irmos para o fundo do ônibus porque lá
tinha mais luz. Quando chegamos no fundo do ônibus, dois deles já me
empurraram para dentro do banheiro, levantaram minha saia e já começaram
a praticar o ato sexual. Eu pedia para eles pararem, para eles me
deixarem ir embora. Eles tamparam minha boca e começaram a me bater,
para não deixar eu sair. Dez homens me estupraram, entravam de dois em
dois", disse uma das vítimas.
A polícia informou que as duas adolescentes deram queixa na Delegacia Ruy Barbosa após o atentado.
"Elas estão abaladas. Não é para menos, porque elas eram fãs desta
banda e aconteceu uma coisa dessas. Uma monstruosidade, é o que eu acho.
Serviu até de alerta para o Conselho Tutelar, não só o de Ruy Barbosa,
mas de outros Conselhos, porque ninguém ia pensar que em uma praça,
dentro de um ônibus de uma banda acontecesse tamanha monstruosidade. O
ônibus estava parado na porta da igreja, ninguém nunca ia imaginar",
disse a Conselheira Tutelar, Evandra Soares.
A polícia aguarda o resultado do exame de corpo de delito que vai
comprovar se houve ou não o abuso sexual nas jovens. O delegado Marcelo
Cavalcanti, de Ruy Barbosa, disse que já ouviu os integrantes da banda.
Dois deles admitiram ter feito sexo com as adolescentes, mas com
consentimento delas. Os outros negaram que tiveram relação sexual com as
garotas.
O G1 entrou em contato com a assessoria da banda, que
informou que todo o caso não passa de um mal entendido. Que as meninas
estavam 'ficando' com dois integrantes do grupo e que não houve abuso
por parte de nenhum integrante.
(G1)
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