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domingo, 18 de novembro de 2012

Cerveja amiga: duas doses da bebida por dia podem reduzir o risco de infarto

Os amantes da cerveja já podem brindar, afinal, a bebida, considerada uma das mais velhas companheiras da humanidade (indícios históricos apontam que ela era consumida há 6.000 aC), pode ser uma aliada poderosa quando o assunto é cuidar da qualidade de vida e da saúde do coração. Dois estudos publicados recentemente - um em agosto deste ano, pelo Journal of Molecular and Cellular Cardiology e o outro durante a I Jornada Cerveja e Vida Ativa, realizada em outubro, em Madri, na Espanha – chamaram atenção para o fato de que o consumo moderado da cerveja possui efeitos protetores sobre o coração, ajudando a reduzir em até 50% o risco de infarto agudo do miocárdio. As substâncias presentes nos cereais, lúpulo e malte que compõem a bebida, também ajudariam na fixação do cálcio nos ossos, na diluição das placas de gordura nas artérias, no combate do diabetes e evitariam o ganho de peso. 
 

Moderação O representante da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e especialista em medicina do esporte, o médico Nabil Ghorayeb, lembra que por consumo moderado entende-se 400 ml por dia, o que daria menos que duas latas convencionais. “O grande problema é que o consumo da cerveja no Brasil, geralmente, é feito sem moderação, além de, geralmente, vir acompanhado de comidas salgadas e gordurosas”, destaca o médico. Ele lembra ainda que são muitos os estudos que mostram os efeitos benéficos de bebidas como a cerveja e o vinho, que fazem parte da chamada dieta mediterrânea, mas ressalta que o consumo em excesso traz muitos riscos, inclusive o do alcoolismo. “Por isso mesmo é tão complicado recomendar o consumo do álcool, afinal nem todos conseguem ter o equilíbrio necessário para usufruir da bebida com responsabilidade”, completa. Ghorayeb chama a atenção que a bebida sem álcool, que ainda não caiu no gosto dos brasileiros, também surte efeitos benéficos, sem os riscos do consumo exagerado. “O sabor dessa cerveja não deixa nada a dever da alcoólica, mas reconheço que nem todos partilham dessa opinião”, completa.
Pequenas doses
O cardiologista e coordenador do serviço de Cardiologia do Hospital Espanhol, Fábio Vilas-Bôas, lembra que para ter benefícios, o consumo não pode ser concentrado nos finais de semana, por exemplo. “Alguns pacientes chegam a perguntar se podem trocar a dose diária por várias concentradas no sábado, por exemplo, e a resposta é não, pois o efeito protetor só vale em doses pequenas”, diz. Para ele, não vale recomendar o uso para quem não consome normalmente, afinal os efeitos reversos do álcool terminariam comprometendo os benefícios do uso moderado. O cardiologista baiano ressalta que o abuso das bebidas alcoólicas aumenta o risco do acidente vascular cerebral (derrame). “Nas mulheres, em especial, o abuso do álcool aumenta em até quatro vezes o risco de mortalidade, uma vez que a intoxicação produz uma substância chamada formaldeído, que é muito tóxica para os vasos”, completa. “Alguns pacientes já me confidenciaram que não suportam vinho, por exemplo, mas que tomam porque faz bem e é importante que se esclareça que não é bem assim, afinal os antioxidantes presentes no vinho podem ser encontrados em outras substâncias, como o suco de uva”, explica. Vilas-Bôas salienta que o consumo leve e moderado do álcool não garante a saúde do coração sozinho. “É preciso que esse consumo venha acompanhado de uma série de ações que promovam o bem-estar em geral, como uma alimentação saudável e a prática de alguma atividade física constante”, completa. Para o cardiologista, o uso do álcool fica absolutamente contraindicado para o caso de pessoas que tenham o histórico de alcoolismo na família ou que não tenham estabilidade emocional.
Nutritiva
Com uma opinião parecida, a nutricionista Lídia Loyola, da HapVida, ressalta que a cerveja é um bom alimento, desde que consumido com muita moderação. Afinal, a bebida preferida pelos povos mesopotâmicos, sumérios e egípicios é rica em ácido fólico( fundamental para boa formação dos bebês), ferro, carboidratos, cálcio e em vitaminas do complexo B, que ajudam o organismo a metabolizar a glicose e transformar o açúcar em energia. Na sua composição mais básica, as cervejas são preparadas tomando como receita básica uma mistura de água; amido(que pode ser o malte de cevada ou qualquer outro cereal capaz de se transformar em açúcar). Essa mistura é fermentada, transformando-se em álcool e dióxido de carbono. A levedura de cerveja produz a fermentação e o lúpulo, que dá o gosto amargo e garante a conservação da bebida. Vários tipos de amido podem ser usados na cerveja, como o milho ou arroz. Para reduzir os custos da cevada maltada, alguns países usam o sorgo e raiz de mandioca, como é o caso da África, a batata no Brasil, e agave no México. Os minerais presentes na água também ajudam a garantir à bebida sabores bem característicos. “As cervejas nunca fazem parte das recomendações nutricionais porque são muito calóricas e nem sempre é possível garantir o uso terapêutico”, completa. No entanto, ela lembra que se bem usada ou acompanhada de alimentos pouco salgados e magros, pode ser sim uma aliada da boa saúde e da boa forma.

(Correio da Bahia)

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