Em mais da metade de uma amostra de 65 bebidas
coletadas com produtores, vendedores e consumidores das cidades de São
Paulo e Diadema (SP) constatou-se a existência de substâncias nocivas à
saúde humana. A presença de metanol - um álcool tóxico que pode até
matar - foi detectada em 37% das cachaças, licores, vinhos, conhaques e
uísques analisados. Em 11 bebidas, as concentrações de cobre estavam
acima de 5 mg/l, limite estabelecido por lei.
O estudo, realizado
pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da
Universidade Federal de São Paulo (Cebrid-Unifesp), faz parte de um
levantamento internacional que abrange o consumo de álcool clandestino.
Ambos os estudos são financiados pela International Center for Alcohol
Policies (Icap), ONG americana vinculada à indústria da bebida. Os
resultados serão divulgados nesta terça-feira, pela primeira vez no
Brasil, durante conferência em São Paulo.
"A pesquisa, inédita,
que durou dois anos, envolve países como Brasil, China, Índia, México e
até o Sri Lanka", afirma o médico e professor da Unifesp Elisaldo
Carlini, um dos coordenadores do levantamento do Cebrid.
A maioria
das amostras das bebidas foi coletada em São Paulo (69%), especialmente
com vendedores. Porcentagem ainda maior (81%) declarou que sabia que as
bebidas vendidas eram ilegais. O restante da amostra é procedente de
Diadema, cidade onde o Cebrid possui um núcleo de pesquisas.
Depois
de passarem por quatro análises químicas - entre as bebidas, 65% eram
cachaças artesanais e 10%, licores -, constatou-se que apenas 8 das 65
amostras eram registradas no Ministério da Agricultura e muitas
apresentavam grande concentração de água e alto teor de acidez (pH maior
que 5).
Nas amostras de cachaça, o valor do etanol estava
abaixo do adequado (40%). E em 24 amostras foi comprovada a existência
de metanol. "Nenhuma concentração [DE METANOL]deveria estar presente.
Dependendo da quantidade ingerida, pode levar até a morte por
intoxicação", afirma Vânia Viana, pesquisadora da Unidade de Dependência
de Drogas da Unifesp. Além disso, das 11 amostras de cachaça com alto
teor de cobre, em 1 delas a concentração ultrapassa em 5 vezes o
estabelecido por lei. [DE METANOL]"O excesso de cobre acaba fazendo dele
um agente agressor do organismo", diz a nutricionista Camila Leonel.
Outro
dado levantado por essa pesquisa é que em parte dos produtores foi
constatado que o processo de engarrafamento é feito sem o uso de
técnicas de assepsia.
Controle. De acordo com Luiz Alberto Chaves,
coordenador da Coordenação de Políticas sobre Drogas (Coed) do governo
de São Paulo, "a falta de estatísticas oficias sobre a produção e o
consumo de álcool ilegal tem impacto na elaboração de políticas públicas
da área". Em nota, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
(Mapa) informa que apura periodicamente todas as denúncias de bebidas
alcoólicas sem registro. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo
(Pop News)
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