CLIC AQUI PARA ACESSAR

sábado, 22 de dezembro de 2012

População da Grande BH recorre a medidas inusitadas contra violência

,
A faixa no muro dizia: "Caro (R$) Ladrão, na penúltima vez que você esteve aqui, limpouminha casa. Ainda não consegui dindin para repor o que você levou. Quando comprar tudo novamente, aviso". A medida pode parecer desesperada, mas foi a única opção que a médica Juliana Lara de Oliveira encontrou para evitar novos assaltos à sua casa, no bairro Vila Clóris, na região norte de Belo Horizonte. Ela colocou o aviso depois de ser assaltada duas vezes na mesma semana.
— Os bandidos entraram na minha casa e roubaram muita coisa em setembro de 2010. Na mesma semana, eles voltaram, aparentemente as mesmas pessoas, mas quando o alarme soou, eles fugiram.

O recado soou como deboche para a Polícia Militar, que pediu à família para retirar a faixa. Os R$ 4.000 investidos em cerca elétrica, sistema de alarme e interfone de nada adiantaram. Em fevereiro deste ano, bandidos invadiram o imóvel novamente e fizeram a empregada refém. Nesse instante, a médica decidiu se mudar.

Juliana não é a única belo-horizontina refém do medo na cidade e região metropolitana. A violência levou moradores a tomarem atitudes inusitadas, como um posto que ganhou uma cabine blindada para proteger seus frentistas em Contagem, na Grande BH.
Somente em 2011, os belo-horizontinos gastaram R$144 milhões para a instalação de 130 mil novas câmeras pela cidade, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese). É como se um a cada 18 moradores adquirisse o equipamento, que tem um custo médio de R$ 1.100.

Os sistemas mais comuns podem ser adquiridos a partir de R$ 4.000, mas Luiz Flor desembolsa R$ 50 mil por mês para proteger seu prostíbulo. O estabelecimento, que fica no bairro Madre Gertrudes, região oeste da capital mineira, ganhou câmeras, porta com detector de metais e vigias.
— Tudo isso para proteger a empresa e o cliente. Fui assaltado três vezes lá e depois de colocar tudo isso nunca mais aconteceu. A maioria dos comerciantes são assaltados três vezes por mês até.
Segundo a Polícia Militar, colocar faixas em via pública requer autorização da prefeitura. Além disso, a PM observa que pesquisas indicam que a colocação de placas ou avisos similares nos muros chamam a atenção do infrator, o poderá levá-lo a agir novamente naquele local.
Medo
As providências inusitadas da população são reflexo de "um problema público e coletivo", em que as pessoas buscam soluções individuais, segundo o especialista em criminalidade e pesquisador do projeto Observatório das Metrópolis, Marco Antônio Couto Marinho.  O problema da violência continua a existir, mas as atitudes dão uma sensação de segurança.
Ainda segundo Marinho, ao desviar a cobrança de quem tem responsabilidade e tentar resolver o problema de forma particular, o belo-horizontino não se organiza em busca de soluções efetivas.
— É preciso oferecer mais oportunidades de emprego e ter a educação como prioridade. Segurança não é só uma questão de índole, tipo "fulano é mal caráter", mas sim uma questão de problema social que atinge outras instâncias.
(R7)

Nenhum comentário:

Postar um comentário