Ressonância magnética: Três pacientes de hospital em Campinas morrem após realização do exame
(Thinkstock)
As investigações sobre as causas da morte de três pacientes
após serem submetidos a um exame de ressonância magnética no Hospital
Vera Cruz, em Campinas, apontam para uma falha humana nos procedimentos
de aplicação do contraste, composto químico à base de gadolínio, usado
para melhorar a qualidade das imagens e do diagnóstico. Com isso, o
secretário municipal de Saúde, Carmino Antonio de Souza, descartou a
possibilidade de que as vítimas tenham sofrido uma reação natural ao
produto do contraste.
"A única certeza que eu tenho é que (as mortes) não foram ao acaso.
Algo foi injetado na veia dessas pessoas que as matou", afirmou Souza.
"É uma situação de raridade extrema. Foram três casos sequenciais, no
mesmo dia, em um curto espaço de tempo. Posso afirmar que não é por
acaso. Seria o mesmo que três aviões caíssem em um mesmo local, no mesmo
dia, na mesma hora", acrescentou.
Nesta quinta-feira, técnicos da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) e das secretarias de Saúde estadual e municipal
auxiliaram a Polícia Civil a reconstituir os procedimentos adotados
pelos funcionários do Centro Radiológico do hospital, durante os exames
das três vítimas. Quem trabalhava no dia teve que contar e simular todos
os passos para o Instituto de Criminalística. A maioria deles já foi
ouvida pela polícia nesta quarta-feira.
Análise — Dois especialistas, um do município e outro
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), analisaram os
resultados dos exames dos pacientes para averiguar pelas imagens
possíveis superdosagens de contraste. A hipótese, porém, perdeu força
nas apurações, segundo o secretário. Ele disse que os resultados indicam
que, aparentemente, não foi injetado volume elevado do produto — o que
poderia ter gerado uma reação.
Outra evidência que reduz as chances de a máquina ter injetado uma
quantia errada de contraste é o fato de que uma das três vítimas fez o
exame em um aparelho que não tem bomba de infusão. Nesse caso, o
contraste é injetado por um enfermeiro, durante o exame.
No lixo hospitalar também foram encontradas pistas importantes para a
investigação. "Temos certeza que um dos materiais encontrados no lixo
foi utilizado em um dos pacientes e ele pode trazer mais respostas",
explica Souza. Segundo o secretário, esse dado seria fundamental para
identificar a possível contaminação originada nos insumos utilizados no
procedimento.
O caso — Nesta segunda-feira, três pacientes morreram
por parada cardiorrespiratória após serem submetidos a um exame de
ressonância magnética com uso de contraste no Hospital Vera Cruz, que é
referência nesse tipo de procedimento. Nenhum dos pacientes apresentava
problemas de saúde e todos fizeram ressonância magnética do crânio,
segundo a direção do hospital. Dois passaram mal minutos depois do exame
e um paciente chegou a deixar a unidade médica, mas retornou após
sentir dores. As vítimas foram a auxiliar administrativa Mayra Cristina
Monteiro, de 25 anos, o empresário Pedro Ribeiro Porto Filho, de 36
anos, e o zelador Manuel Pereira de Souza, de 39 anos.
No mesmo dia em que esses pacientes foram submetidos à ressonância com
contraste, outros 83 indivíduos realizaram o mesmo procedimento, também
no Hospital Vera Cruz, mas não apresentaram reações adversas. Segundo
Souza, foram usados contrastes de marcas diferentes nesses pacientes.
Além disso, também eram diferentes as máquinas em que seus exames foram
realizados.
Guaratinguetá — Um policial militar de 52 anos está na
Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Frei Galvão, em Guaratinguetá,
São Paulo. Ele passou mal após receber, nesta quinta-feira, uma injeção
de contraste na veia para exame de ressonância magnética no abdome.
Segundo o hospital, o estado de saúde do policial é estável e ele
respira por aparelhos. A Vigilância Sanitária de Guaratinguetá foi
notificada e os exames de ressonância foram suspensos na cidade. As
causas da piora no quadro de saúde do paciente serão investigadas.
(Pop News)
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